Longe
de mim esteja gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para
o mundo. (Gl 6.14.)
Eles
estavam vivendo para si mesmos; o eu, com suas esperanças, promessas
e sonhos, ainda os tinha em suas mãos; mas o Senhor começou
a responder a suas orações. Tinham
pedido um coração contrito e tinham-se entregado a Deus para que
tal coração lhes fosse dado, a qualquer preço; e Ele lhes mandou
tristeza; tinham pedido para ser mansos, e lhes partiu o coração;
tinham pedido para morrerem para o mundo, e Ele destruiu suas vivas
esperanças; tinham pedido para serem feitos semelhantes a Ele, e os
colocou na fornalha, sentando-Se junto deles "como refinador e
purificador de prata", até que pudessem refletir a Sua imagem;
tinham pedido para tomar a Sua cruz, e quando a estendeu
a
eles, ela lhes dilacerou as mãos.
Eles
estavam pedindo sem saber o que pediam, mas Ele os pegou na
palavra e lhes concedeu todas as suas petições. Estavam longe de
pensar em segui-lO até tão longe, ou de chegar tão perto dEle.
Veio sobre eles um temor, como a Jacó em Betel ou a Elifaz na noite
das suas visões, ou aos apóstolos quando pensaram ver um fantasma e
não sabiam que era Jesus. Sentiam-se quase como a pedir-Lhe que
afastasse deles Sua presença solene.
Achavam
mais fácil levar a cruz do que ficar suspensos sobre ela. Mas
não podiam voltar atrás, pois tinham chegado perto demais da cruz
invisível, e suas virtudes os haviam atingido profundamente. Ele
está cumprindo para com eles a promessa: "E eu, quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo" (Jo 12.32).
E
agora chegou a vez de eles serem atraídos. Antes, tinham apenas
ouvido falar do mistério, mas agora o sentem. Ele fixou neles Seu
olhar de amor, como fez a Maria e a Pedro, e eles não têm outra
escolha a não ser segui-lO!
Pouco
a pouco, de tempos em tempos; por leves lampejos, o mistério
de Sua cruz brilha sobre eles. Eles O contemplam exaltado, contemplam
a glória que resplandece das feridas de Sua santa paixão; e à
medida que olham, avançam e são transformados na Sua imagem, e Seu
Nome brilha através de suas vidas, pois Ele habita neles.
Eles
vivem a sós com Ele lá em cima, em inefável comunhão; prontos
a não ter o que outros têm (e que eles poderiam ter tido), e a ser
diferentes de todos, para que sejam só como Ele.Assim,
eles são, em todas as épocas, os que "seguem o Cordeiro por
onde quer que vai".
Tivessem
eles escolhido por si mesmos ou seus amigos por eles,
e
teriam escolhido de outra forma. Teriam sido mais ilustres aqui. mas
menos gloriosos no Reino de Deus. Teriam tido a porção de Ló, não
a de Abraão. Se tivessem hesitado em alguma parte — se Deus
tivesse retirado de sobre eles a mão deixando-os voltar atrás — o
que não teriam perdido? Que detrimentos não haveria na
ressurreição?
Mas
Ele os conservou em pé, a despeito de si mesmos. Muitas
vezes
os seus pés bem que teriam escorregado. Na Sua misericórdia, Ele os
conservou de pé. Agora, mesmo nesta vida, eles sabem que tudo o que
Ele fez foi sempre bem feito. Foi bom sofrer aqui, para poderem
reinar ali; suportar a cruz aqui em baixo, para usarem a coroa lá em
cima; e para que neles e a respeito deles fosse feita não a sua
própria vontade,
mas
a vontade dEle.