22 setembro 2017

Os Dois “Campos de Sangue”


"Quando Judas cometeu suicídio?"

Entre os aspectos relativos aos registros de Mateus e Atos que não foram examinados está a compra do chamado "Campo de Sangue". Este nome aparece em dois lugares no Novo Testamento: em Mateus 27:8 e em Atos 1:19. Ambos os registros são apresentados abaixo juntamente com seu contexto:
Mateus 27:3-8
"Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo. E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se. Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.”
Atos 1:15-19
"Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, e disse: Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue).”Para a maioria das pessoas os dois pedaços de terra nas duas passagens acima são idênticas e o "salário da iniqüidade" de Atos 1:18 são as trinta moedas de prata de Mateus 27:3-5. No entanto, temos as seguintes razões para acreditar que não é isso que acontece:

1. Compradores Diferentes

Os compradores do pedaço de terra a que se refere em Mateus 27 eram diferentes do comprador do pedaço de terra a que se refere Atos 1. Na verdade, o pedaço de terra a que se refere Mateus, foi comprada pelos príncipes dos sacerdotes (Mateus 27:6-7). Por outro lado, o pedaço de terra a que se refere Atos foi comprado por Judas (Atos 1:18).

2. Dinheiro diferente

O dinheiro que foi usado para a compra do pedaço de terra a que se refere Mateus 27 foi diferente do dinheiro que foi usado para a compra do terreno referido em Atos 1. De fato, a compra do último foi feita com as trinta moedas de prata que Judas jogou no templo (Mateus 27:5-7). Portanto, o "salário da iniqüidade" que Judas havia usado para comprar o seu pedaço de terra (Atos 1:18) não poderiam ser as trinta moedas de prata, já que ele as atirou no templo e, portanto, era impossível para ele fazer uso delas.

Sobre a identidade e a origem do "salário da iniqüidade", a frase em si declara dinheiro que foi obtido no caminho errado, por meio de iniqüidade. A mesma frase também é usada em II Pedro 2:15, onde as mesmas palavras gregas são traduzidas como "salário da injustiça". Lá, a referência é aos dons que Balaão amou (Números 22:7) e por causa do qual ele desobedeceu o que Deus lhe havia ordenado1. Geralmente, portanto, o "salário da iniqüidade" é um título para dinheiro ilícito [nota do tradutor: dinheiro ilícito significa dinheiro obtido de forma desonesta]. Agora sobre o nosso caso específico de Judas, João 12:6 deixa claro que ele "era um ladrão, era quem cuidava da bolsa de dinheiro, e que ele subtraía para si o que nela era lançado". Portanto, uma vez que Judas era um ladrão que costumava levar o que era colocado dentro da bolsa de dinheiro, o dinheiro ganho ilegalmente, o "salário da iniqüidade" de Atos 1:18, provavelmente poderia ser o dinheiro roubado da bolsa de dinheiro. Foi com esse dinheiro que Judas comprou o seu pedaço de terra.

3. Palavras gregas diferentes

Outro ponto que deixa claro que os dois pedaços de terra não são os mesmos, é o fato de que diferentes palavras gregas, são usados para cada um deles. Infelizmente, isto está perdido na maioria das traduções que traduzem ambas as palavra gregas em "campo de sangue". No entanto, o texto grego deixa claro que apenas o pedaço de terra a que se refere Mateus poderia ser caracterizado como um campo. De fato, a palavra grega que é usada para esta peça é a palavra "agros", que significa "campo".
No entanto, a palavra grega que é usada em Atos 1:19 é a palavra "chorion" e significa "um lugar particular, propriedade fundiária, propriedade"2. Portanto, enquanto os sacerdotes e os anciãos compraram um "agros", um campo, Judas comprou um "chorion", uma propriedade. Seguindo o texto grego, o que os sacerdotes compraram foi chamado de "agros de sangue", enquanto que Judas comprou foi chamado de "chorion de sangue".

4. Razões diferentes para os seus nomes

Complementando o acima citado, os dois pedaços de terra foram chamados respectivamente "agros de sangue" (Mateus 27:8) e "chorion de sangue" (Atos 1:19), por diferentes razões. De fato, o "agros de sangue" que os chefes dos sacerdotes compraram foi chamado assim porque foi comprado com o "preço de sangue" (Mateus 27:7, 9) ou seja, com as trinta moedas de prata pagas pelo sangue do Senhor Jesus Cristo. No entanto, o "chorion de sangue" que Judas comprou foi chamado assim porque Judas se suicidou ali (Atos 1:19).

5. Conclusão

A partir do que foi exposto acima, fica evidente que Atos 1:15-20 e Mateus 27:3-8 falam sobre dois pedaços de terra diferentes. Mateus 27 fala sobre um campo, "agros", que foi comprado pelos sacerdotes com as trinta moedas de prata que Judas devolveu. Foi chamado de "agros de sangue", porque foi comprado com o "preço de sangue" ou seja, com as trinta moedas de prata pagas pelo sangue do Senhor Jesus Cristo.Atos 1, por outro lado fala de uma propriedade, uma propriedade particular, uma "chorion", que foi comprada por Judas com o "salário da iniquidade", ou seja com dinheiro obtido através da maldade, provavelmente roubado da bolsa de dinheiro que os discípulos levavam com eles. Era chamado de "chorion de sangue", porque Judas se suicidou lá.


(Baseado na análise de EW Bullinger: The Bible Companion, Appendix 161:. "The purchase of "the Potter's field" Todo o trabalho de EW Bullinger é de domínio público) O artigo “Os Dois “Campos de Sangue”

17 setembro 2017

A correção do Senhor


Muitos de nós podem ter ouvido com frequência a Palavra de Deus falando sobre as duas naturezas que temos após o novo nascimento. A Bíblia fala delas em muitos lugares, chamando a velha natureza como o homem velho ou carne, a nova natureza, recebida com o novo nascimento, como novo homem ou interior, ou espírito. Além disso, também nos informa sobre a luta incessante que há entre eles. Realmente, em Gálatas 5:17, lemos:

Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.”

Também Romanos 7:21-23 nos diz:

Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros.”

Quando cremos no Senhor Jesus Cristo e na sua ressurreição dos mortos (Romanos 10:9), o nosso velho homem não parou de existir. Em vez disso, ele tem um concorrente: o novo homem. Paulo acima não descreve apenas a existência de duas naturezas, mas também a luta entre elas: conhecer o bem, mas quando o velho está no comando, encontrar uma parede em você que te bloqueia de fazer isso.

1. A mente de Cristo

Enquanto o velho homem está no comando, nós não podemos ser úteis a Deus. Ele nos quer servos, nós queremos ser patrões. Fazemos obras em Seu nome, mas, apesar do fato de que elas possam ter uma aparência “espiritual", somos nós que as conduzimos e elas são do nosso próprio eu. Pelo contrário, as verdadeiras obras espirituais são obras que Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2:10), e no qual ele é o líder. Ele não nos pede para fazer nossas próprias coisas, para preparar o nosso próprio caminho, mas sim para nos submetermos e andarmos no caminho que Ele já preparou. Infelizmente, enquanto nós entendemos facilmente as expressões ásperas da carne, perdemos as partes que têm uma aparência "espiritual". No entanto, a verdade é que é impossível para nós fazermos qualquer obra espiritual por nosso próprio poder. Como Cristo disse:


João 5:30


Eu não posso, de mim mesmo, fazer coisa alguma.”


Romanos 7:18
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”


2ª Coríntios 3:5

Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus”

Também: 1ª Coríntios 15:10

Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.”

Gálatas 2:20

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”
A questão, então realmente é: quem está ativamente vivo em nós? O velho homem ou Cristo? Quem faz a obra? O velho homem ou Cristo? Quem nós manifestamos em nossa comunhão uns com os outros e com os outros homens? O velho homem ou Cristo? Nós não somos indagados para fazer obras de aparência espiritual, mas obras que são verdadeiramente espirituais. Nós não somos indagados para fingir sermos homens de espírito, mas para realmente sermos homens de espírito. 

Como o Senhor disse em Lucas 14:

Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.... qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”

O que consideramos como "nosso", como os nossos "direitos"? Pode ser o nosso trabalho, nossa família ou o direito de ter uma família, nossa saúde, ou o direito de ser saudável. É ruim ter uma família? É ruim ter um emprego? Não. O que é ruim é estar tão preso a esses "direitos", que  negamos a entregá-los nas mãos de Deus. É ruim lutar por eles, em vez de confiar em Deus por eles. Enquanto nós nos consideramos como sendo donos dos "direitos" que não foram devolvidos a Deus para fazer a eles tudo o que Ele quer, não vamos ser discípulos de Cristo. Esse "direito" que não foi satisfeito quando queríamos e como queríamos, aquela promessa que isso tinha que ser cumprida quando e como queríamos virá diante de nós como uma parede - até que nós a coloquemos em Seu trono, até nós abrirmos mão da mesma e dizermos: "Senhor, faça a isso o que quiser. Você sabe o melhor". Enquanto nós não tivermos nos esvaziado de nós mesmos lançando todo o nosso cuidado, todos os problemas desta vida, no Senhor, o velho homem vai ter espaço para oferecer ajuda e reivindicar um lugar no nosso coração. Como a Palavra diz:

Filipenses 2:5-11

haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”
A Palavra nos diz para termos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Qual foi esse sentimento? Era o sentimento que o levou à cruz. Foi o espírito de abnegação e submissão total à vontade de Deus, mesmo quando isso era a morte. Era um sentimento “não seja como eu quero, mas como tu queres” (Mateus 26:39). Somente quando nos esvaziarmos seremos úteis para ELE. Somente quando nos esvaziarmos, o que vai surgir em nós não será Tassos, João ou Jim, mas Cristo no Tassos, João e Jim. Caso contrário, o novo homem de fato vai estar em nós, mas ele não será capaz de ser manifesto, sendo aprisionado pelo velho homem que está no comando. Vamos saber a vontade de Deus, mas quando vamos tentar fazê-la, um muro estará bloqueando nosso caminho.

2. A correção do Senhor

O velho homem é o maior obstáculo para os propósitos de Deus. Nós não vamos ser os homens que Ele quer que sejamos, enquanto o velho homem estiver no controle. Ele não fica satisfeito com corações orgulhosos, mas com os corações contritos. Ele não fica satisfeito com os sentimentos elevados, mas com os sentimentos humildes. Ele não quer homens que sejam "capazes", mas homens que são INCAPAZES para que Ele, que é capaz, torna-se o poder deles. Como Ele disse a Paulo:

II Coríntios 12:9

A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.”

São os fracos, os humildes e os contritos aqueles com quem Deus é capaz de se comunicar. Como ele diz em Isaías 57:15

Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos.”

Ezequiel 6:9

Então os que dentre vós escaparem se lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados em cativeiro, quando eu lhes tiver quebrantado o coração corrompido2, que se desviou de mim, e cegado os seus olhos, que se vão corrompendo após os seus ídolos; e terão nojo de si mesmos, por causa das maldades que fizeram em todas as suas abominações.”

Quando o velho homem é presunçoso, quando a nossa carne é intocável, nossa atitude não é "não eu, mas Cristo", mas "não Cristo, mas eu". Mesmo a obra que Ele pode ter nos confiado torna-se um recurso para a satisfação dos desejos secretos pecaminosos do velho homem: poder, domínio, autoridade, status. Em vez de esconder-nos como Cristo o fez depois de um milagre, temos pressa para nos tornarmos conhecidos, para ir para as primeiras posições, para sermos admitidos pelos outros. Assim, a obra não é feita para e por Deus, mas sim para fins pessoais. Nosso coração está doente e contra o Senhor, embora possamos falar usando palavras “cristãs”. É um coração duro e pedregoso que precisa de cura, que precisa quebrar. E isso vai fazer a mão paternal do Senhor. Tal como com os israelitas na passagem acima de Ezequiel, o Pai vai esticar a mão para quebrar o nosso coração de pedra e o velho homem que reina nele. Depois da quebra, vamos lembrar-nos dele como eles fizeram. Quando Ele traz à luz nosso verdadeiro eu, quando nós temos nojos de nos mesmos pela a apatia, a tolerância para com o pecado, e a maneira como estamos acostumados a pensar, chegaremos perto Dele. Na dor da quebra Ele virá ao nosso encontro, pois Ele fala com o contrito no coração. Então, vamos voltar para Ele e dizer: "Eu não posso fazer nada Senhor sozinho. Eu não quero sequer olhar para o que eu fiz."
No entanto não vamos ter falsas expectativas. Cada quebra traz dor. E a quebra do velho homem traz dor e é feita através da dor. Aqui está a correção do Senhor que, embora seja inicialmente dolorosa, como poderíamos viver sem?

Hebreus 12:4-11, lemos:

Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.”

Muitos de nós rejeitamos qualquer dor como se elas fossem decorrente da atuação independente do diabo. Assim, também rejeitamos a dor da correção do Senhor. Mas na verdade, se qualquer dor, vem de forma independente do diabo, então onde está a correção do Senhor, que é dolorosa? Nós admitimos a dor que causamos aos nossos filhos na correção deles, mas nós a rejeitamos a respeito do Senhor em nossa própria correção. No entanto, a verdade é que a dor nem sempre é uma coisa negativa. A cirurgia também provoca dor. Uma faca está cortando sua carne, uma ferida é criada e o sangue está correndo. No entanto, é feito para o seu bem, e no caso do nosso coração, é feito pela mão terna do Pai que corta nos tirando as partes doentes. É claro que teremos dor. É claro que teremos tristeza. É claro que vamos chorar. Mas como a Palavra diz:


Provérbios 20:30
Os vergões das feridas são a purificação dos maus, como também as pancadas que penetram até o mais íntimo do ventre. ”


 Hebreus 12:11


E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.”
Depois da tristeza inicial, a alegria nasce: a alegria da saúde. Aquela febre que aterrorizou você não está mais lá. Essa lacuna, a apatia e a incapacidade de expressar Cristo, foram embora com a limpeza do Senhor. Como Cristo, “ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hebreus 5:8), assim também nós aprendemos a obediência pelas coisas que sofremos. Vamos, portanto, não odiar todas as coisas que sofremos como obras do diabo, como algo que supostamente não é normal na vida cristã. A correção e a dor inicial que isso implicasão normais na vida cristã, e embora seja inicialmente dolorosa ela é usada pelo Pai para nos fazer os homens que ELE quer que sejamos.


3. O paradoxo da exaltação

Nós não gostamos de falar sobre quebra, tristeza, correção, perseguição, humildade. Nós preferimos falar SOMENTE de bênçãos, poder, glória, exaltação, conhecimento. Buscamos as bênçãos, e muitas vezes o nosso foco está no material. Nós temos todas as espirituais (Efésios 1:3), mas parece que nós não nos importamos muito. Contamos nossa fé e a fé dos outros através das bênçãos materiais que eles têm. Se algo ruim acontece, se elas demoram, então nós somos responsáveis, não temos..... muita fé, isso é um..... antigo pecado secreto .... etc. Lemos as perseguições de Paulo, o apedrejamento de Estêvão, a execução de Tiago, mas nós tentamos esquecê-los. Nós os desviamos rapidamente com desculpas como "essas coisas não acontecem hoje em dia" ou até mesmo as mais extremas como..... "essas pessoas não ouviram Deus"!!!! Não podemos imaginar que alguns poderiam morrer por Cristo. Provavelmente porque não podemos morrer por Cristo. Como deixar nossas bênçãos? Como deixar nossa casa, nossa TV, nossa lareira? O evangelho da prosperidade não permite isso. O bem-estar material e o cristianismo são a mesma coisa para muitos de nós. No entanto, não é para o Senhor. Para o Senhor, o discípulo de Cristo é aquele que nega tudo por amor a Cristo e segue o Senhor onde quer que Ele o chame. É ele, que está tendo seus olhos voltados para o Senhor e na Sua mão espera pelos seus mandamentos. Ele não fica de pé diante do Criador como antes....... seu irmão mais novo. Ele é o Deus todo-poderoso, diante do qual todos devem OBEDECER.


O Paquistão, a Turquia, o Irã e outros países chamados "fechados" não são fechados porque são muçulmanos. O cristianismo não começou quando as pessoas já eram cristãs! Não começou em um terreno amigável, mas em um lugar cujos habitantes tinham acabado de matar o Senhor. O cristianismo começou, com mártires como Estêvão, que perderam sua vida por isso. Agora, isso significa que devemos perder a nossa vida também? Significa que devemos vender tudo, deixar nossas famílias e ir pregar o que a Palavra diz no Irã? Se o Senhor disser isso, SIM. No entanto, se Ele disser ou não, devemos considerar tudo como Dele, e nós mesmos como nus e vazios diante Dele. Este foi o sentimento de Cristo que a Palavra nos diz para ter. Quando estamos nus e vazios diante Dele, Ele vem e nos exalta, sem fazer nada de nossa parte. Quando nós nos exaltamos diante Dele, Ele nos abate. Quando somos humildes diante Dele, Ele nos exalta. 
Em Filipenses 2:8-9, lemos:

E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome.”
e Provérbios 18:12
diante da honra vai a humildade.”
Iª Pedro 5:5-6

Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte”
Lucas 18:29-30

E ele lhes disse: Na verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou pais, ou irmãos, ou mulher, ou filhos, pelo reino de Deus, que não haja de receber muito mais neste mundo, e na idade vindoura a vida eterna.”

O Senhor traz a exaltação, mas isso só vem como resultado da humildade. O choro traz alegria. A dor, a cura. O Senhor não retira qualquer coisa que Ele considera bom para você (Salmo 84:11). Não fique ansioso, não tente fazer isso sozinho. Seja calmo e saiba que Ele é Deus (Salmos 46:10). Diga a Ele “Senhor tudo é seu. 
Você conhece tudo. 
Faça isso em mim segundo a tua vontade” e Ele trará à sua vida o melhor, o que ELE considera como o melhor.
Paz no seu coração.

Postagens Aleatórias