Autoria
Com
exceção de poucos teólogos do século XIX, desde a sua introdução
ao cânon, a carta ou livro de Gálatas é atribuída à autoria do
apóstolo Paulo, como fica claro no versículo que abre a obra(1.1).a
época em que essa epístola foi escrita, a expressão Galácia era
usada normalmente em dois sentidos: geográfico e político. No
primeiro sentido, referia-se à parte centro-norte da ásia Menor, ao norte das cidades de
Antioquia da Pisídia,
Icônio,
Listra e Derbe; no segundo, tinha a ver coma organização da
província, por volta do ano 25 a.C., e que incluía essas cidades e
mais alguns distritos ao sul, sob o comando geral e absoluto do
Império Romano.
Propósitos
O
grande propósito
de Paulo ao escrever esse tratado foi instruir os cristãos da região
da Galácia
sobre a justificação exclusiva e absoluta em Jesus Cristo, o
Messias e Filho de Deus. Os
mestres cristãos judaizantes tinham procurado convencer os gálatas
a se revoltarem contra Paulo e os seus ensinos e os estavam orientando a
praticar todos os principais rituais da lei, pois, como eram gentios,
tinham que ser circuncidados (5,2 – 6.12-15) e, segundo esses
mestres, deviam também viver um cristianismo baseado nas ordenanças
e na tradição judaica, a fim de serem salvos (4.10). Os judaizantes eram cristãos judeus que não conseguiam compreender a
nova realidade da salvação pela graça de crer no sacrifício
único, suficiente e vicário do Senhor Jesus. Eles criam que
Jesus era o Messias prometido, mas também acreditavam
no dever de cumprir as ordenanças mosaicos e,
especialmente, todos os cerimoniais. Logo após a cruzada missionária
de Paulo na Galácia, os judaizantes recrudesceram quanto ao
legalismo teológico, por influência e receio de serem perseguidos
pelos judeus zelotes. E começaram a obrigar os gentios, novos
convertidos ao cristianismo, a passar também pelos ritos de
circuncisão, acepção de alimentos, guarda do sábado, demais dias sagrados etc. (6.12). Os judaizantes iam além e procuravam
difamar a pessoa e o ministério de Paulo, alegando que o apóstolo
não era um genuíno membro do grupo original dos primeiros
discípulos de Cristo, e que havia suavizado as ordenanças de Deus,
a fim de tornar a sua mensagem e doutrina mais atraentes aos gentios.
Paulo reivindica a sua plena
autoridade apostólica
e condena os ensinos dos judaizantes como legalismo
anticristão. Os crentes em Jesus Cristo, quer judeus ou gentios
(povos de todas as etnias e culturas), conforme a doutrina Paulinha,
desfrutam em Cristo da absoluta e eterna salvação, porquanto foram
justificados(3.6-9), adotados (4.4-7), renovados (4.6; 6.15) e
transformados em plenos herdeiros de Deus, segundo as próprias
promessas da aliança abraâmica (3.15-18). Portanto, a fé no
sacrifício e no culto do Cristo na Cruz nos liberta para sempre da
necessidade de buscar justificação e salvação mediante as obras
e, especialmente, por meio do cumprimento de rituais e datas
cerimoniais. Essa busca se torna destituída de poder, visto que a Lei
não produz salvação, mas morte (3.10-12), porquanto não fora criada com propósito
salvífico
(3.19-24). Confiar apenas nas obras e na Lei, com o fim de ser
salvo, nos conduz à mesma escravidão sob a qual vive o povo judeu
que ainda não recebeu a Cristo, como Salvador e Senhor das suas vidas
(4.21-24). Por essa razão, os crentes não devem procurar voltar às
tradições judaicas, ao cumprimento das exigências de leis
religiosas como base de segurança para sua salvação, porquanto,
agindo erroneamente dessa forma, estarão perigosamente submetendo as suas vidas a uma escravidão da qual já fomos libertos por Jesus
Cristo(5.1-4). Os cristãos devem, isso, sim, depositar plena fé e
segurança na liberdade que Cristo nos outorgou, servindo a Deus e
aos semelhantes mediante o poder do Espírito de Deus, como novos
seres humanos, livres em Cristo (5.13-18) e, assim, cumprindo com
júbilo espiritual a vontade do nosso Salvador (6.2).
Data
da primeira publicação
Certamente, essa carta de Paulo aos Gálatas começou a circular entre os cristãos por volta dos anos 48 e 58 d.C. Contudo, ainda não há evidências mais precisas, pois o estabelecimento exato da data depende do primeiro destino da carta. Os primeiros estudiosos afirmavam que Paulo havia enviado esta epístola de Éfeso entre os anos de 53 e 57 d.C. endereçado-a primeiro às igrejas localizadas no centro-norte da Asia Menor (Pessino, Ancira e Távio).
Outros historiadores acreditam que Gálatas foi escrita
preferencialmente às igrejas fundadas pelo apóstolo na sua primeira
viagem missionária, na região sul da província romana da Galácia
(Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra e Derbe). Alguns, ainda,
defendem que essa carta teria sido escrita em Antioquia da Síria
ou Corinto, por volta do ano 50 d.C, depois dessa primeira
viagem, mas antes da reunião do Concílio de Jerusalém (At 15).
Esboço
geral de Gálatas
1. Saudação de Paulo, apóstolo de Cristo, aos Gálatas (1.15).
Paulo
procura trazer as ovelhas do Senhor de volta ao bom aprisco (1.6-9)3.
A
plena autoridade apostólica de Paulo e sua idoneidade (1.10 –
2.21)
A.Paulo
só pregava o Evangelho que Cristo lhe revelara (1.10-24)
B.A
mensagem de Paulo reconhecida pelos demais apóstolos (2.1-10)
C. Paulo,
sob o poder do Espírito, repreende a Pedro (2.11-21).Como
ser salvo após
a vinda e obra de Jesus Cristo, o Messias? (3.1-4.31) A.A
salvação é só pela fé em Cristo, não por meio de obras
(3.1-14)B.A salvação em Cristo é pela Promessa, não fruto da Lei
(3.15-22)C. Todos os crentes são promovidos a filhos de
Deus (3.23 – 4.7)
D.Paulo
suplica aos crentes para terem bom senso (4.1-7)
E.Não
há inteligência nem fé em voltar à escravização (4.8-11)
F.Por
que se revoltar contra o apóstolo do Senhor? (4.12-20)G. Confiar
só na Lei é voltar a ser escravo do pecado (4.21-31). O
caminho da verdade e da plena liberdade (5.1 – 6.18)
A.Não
sacrificar a boa liberdade pelas algemas do legalismo (5.1-12)
B.Liberdade
não é libertinagem ou falta de disciplina (5.13-26)
C. A
verdadeira liberdade é o serviço cristão dedicado (6.1-10)
D.A
vida cristã é feita de sacrifícios voluntários por Jesus
(6.11-18).