Mateus



Autoria
Desde o segundo século da era cristã, a tradição da Igreja atribui ao apóstolo Mateus a autoria do Evangelho que aparece em primeiro lugar nas várias edições da Bíblia (Mt 9.9 e 10.3).Eusébio, em sua obra História Eclesiástica, no início do século IV, já trazia citações de Papaias, bispo do século II, de Irineu, bispo de Leão e de Orígenes, grande pensador cristão do século III. Todos os“pais da Igreja” (como ficaram conhecidos os notáveis discípulos de Cristo e teólogos dos primeiros séculos), concordam em afirmar que este Evangelho foi escrito (ou narrado a um amanuense, pessoa habilidosa com a escrita), primeiramente em aramaico (hebraico falado por Cristo e pelos jovens judeus palestinos de sua época) e depois, traduzido para o grego. Apesar das muitas evidências sobre a existência do original em aramaico, todas as buscas e pesquisas arqueológicas somente encontraram fragmentos e cópias em grego. Entretanto, os principais estudiosos e teólogos do mundo não duvidam que o texto grego que dispomos hoje em dia é o mesmo que circulou entre as igrejas a partir da segunda metade do século I d.C. Ainda que não apresentando explicitamente o nome do autor, o Evangelho Segundo Mateus, fornece pelo menos uma grande evidência interna que confirma sua autoria defendida pelos pais da Igreja. A história da narrativa de um banquete ao qual Jesus compareceu em companhia de grande número de publicanos e pecadores (pagãos e judeus que não guardavam a Lei e as determinações dos líderes religiosos da época) é descrita na passagem que começa com as seguintes palavras em grego original transliterado:kai egeneto autou anakeimeou em te(i) oikia(i). Ou seja: “E aconteceu que, estando Jesus em casa,...” (Mt 9.10). Considerando que os últimos três vocábulos significam“em casa”, o trecho sugere que o banquete fosse oferecido “na casa” de Jesus. Contudo, a passagem paralela em Mc 2.15 revela que essa festa aconteceu “na casa” de Levi, isto é, Mateus Levi. O texto em Marcos aparece assim transliterado:en te(i) oikia(i) autou, “na casa dele”. O sentido alternativo de Mt 9.10 esclarece que “em casa” quer dizer “na minha casa”, ou seja, “na casa” do autor, e isto concorda perfeitamente com Marcos e com os fatos apresentados em todos os Quatro Evangelhos. Mateus, que tinha por sobrenome Levi (Mc 2.14), e cujo nome significa “dádiva do Senhor”, era um cobrador de impostos a serviço de Roma, mas que abandonou uma vida de avareza e desonestidade para seguir Jesus, o Messias (Mt 9.9-13). Em Marcos e Lucas é chamado por seu outro nome, Levi.

Propósitos

O principal objetivo do Evangelho Segundo Mateus é relatar seu testemunho pessoal sobre o fato de Jesus Cristo ser o Messias prometido no Antigo Testamento, cuja missão messiânica era trazer o Reino de Deus até a humanidade. Esses dois grandes temas: o caráter messiânico de Jesus e a presença do Reino de Deus são indissociáveis e devem ser analisados sempre na totalidade harmónico. Cada qual representa um “mistério” – uma nova revelação do plano remidor de Deus (Rm 16.25-26). Antes do grande evento da vinda do Messias, como o Filho de Deus (também chamado no AT e pelo próprio Jesus de “o Filho do homem”), em triunfo e grande glória entre as nuvens do céu, a fim de estabelecer o seu Reino sobre o planeta todo, terá em primeiro lugar, de vir sob a mais absoluta humildade entre os homens na qualidade de Servo Sofredor, cônscio de que a sua missão será dedicar a própria vida em sacrifício voluntário a favor da humanidade, especialmente dos que, crendo no seu Nome, se arrependerem dos seus pecados, nascendo para uma nova vida (Jo 1.12; 3.16). Esse é o mistério da missão messiânica. Era um ensino desconhecido para os judeus do primeiro século da nossa era. Hoje, a maior parte dos cristãos que leem o capítulo 53 de Isaías não sentem qualquer dificuldade em identificar a pessoa de Jesus Cristo com o Messias prometido. Entretanto, os judeus não observaram com cuidado a descrição do Servo Sofredor e deram mais atenção às promessas de um Messias que viria com grande poder e glória, o que realmente está registrado no contexto dessa passagem (Is 48.20; 49.3).Por esse motivo, os judeus do primeiro século esperavam ansiosamente pelo Filho de Davi, um Rei divino (uma vez que os reis humanos já haviam provado sua incompetência e limitação). O Filho de Deus e Rei governará o Reino messiânico (Is 9 e 11 com Jr 33). Nesse Dia, todo pecado e mal serão extirpados da terra; e a paz e a justiça prevalecerão. O Filho do homem é um ser celestial a Quem está entregue o governo de todas as nações e reinos da terra.O mistério do Reino é semelhante e está ligado aomistério messiânico. No segundo capítulo do livro do profeta Daniel temos a descrição da vinda do Reino de Deus em pinceladas vigorosas e impressionantes. Todo o poder que fizer resistência à vontade do Senhor será aniquilado. O Reino virá todo, completo, de uma só vez, varrendo da sua frente todas as hostes do mal e todo o império contrário a Jesus Cristo. A terra será toda transformada e uma nova ordem, universal e perfeita será instaurada. Portanto, tanto a mensagem de Cristo como a Sua pessoa foram totalmente incompreendidas pelos Seus compatriotas e contemporâneos em geral, incluindo os próprios discípulos. Todavia, a nova revelação sobre o propósito de Deus é que o Reino deveria vir em humildade e doação: poder espiritual, antes de vir em plena glória triunfante. Mateus deixa claro que deseja apresentar, em ordem histórica, o nascimento, ministério, paixão e ressurreição de Jesus Cristo. Para tanto, ele reúne os fatos em cinco grandes discursos proferidos pelo Senhor: o chamado, Sermão da Montanha (Mt 5.1 a 7.27); a comissão aos apóstolos (Mt 10.5-42); as parábolas (Mt 13.1-53); o ensino sobre humildade e perdão (Mt 18.1-35), e a palavra profética(Mt 24.1 a 25.46). Mateus cita várias passagens e profecias extraídas do Antigo Testamento e, de fato, interpreta essas profecias como tendo absoluto e certeiro cumprimento em Jesus Cristo; tudo é escrito e ensinado de um modo que seria para o judeu do século I prova irrefutável, a qual a Igreja cristã adota até os nossos dias.

Data da primeira publicação

Embora alguns estudiosos considerem a forte possibilidade de o Evangelho Segundo Mateus ter sido escrito na Antioquia da Síria, as evidentes características judaicas do texto original apontam sua geração para alguma parte da antiga Palestina.Considerando o fato de a terrível destruição de Jerusalém, ocorrida por volta do ano 70 d.C., ser ainda considerada um acontecimento futuro (Mt 24.2), e que Mateus, assim como Lucas, terem sido beneficiados pela leitura dos escritos de Marcos, podemos entender que as primeiras cópias do livro de Mateus circularam entre os irmãos da recém-igreja cristã (chamada igreja primitiva), quando a Igreja era na maioria judaica e o Evangelho pregado quase que exclusivamente aos judeus (At11.19), por volta dos anos 50 e 60 da nossa era.

Esboço Geral de Mateus
1.Nascimento e infância do Cristo, o Messias (caps. 1,2)
A. A genealogia de Jesus (1.1-17).
B. O anúncio do seu nascimento (1.18 25)
C. A adoração ao bebê, filho do Homem, o Salvador (2.1-12)
D. A permanência de Jesus no Egito (2.13-23)
2. Prelúdio do ministério de Jesus Cristo (caps. 3.1 – 4.25)
A. João Batista e o seu ministério preparatório para Jesus (3.1-12)
B. O batismo de Jesus Cristo (3.13-17)
C. A grande tentação de Jesus (4.1-11)
D. A investidura do Senhor (4.12-25)3.
O ensino do Rei Jesus Cristo (caps. 5.1 – 7.29)
A. A proposta da Vida no Reino (5.1-16)
B. Os princípios espirituais para se viver no Reino (5.17-48)
C. A Torá e a Lei de Moisés (5.17-20)
D. A lei sobre o assassinato (5.21, 22)
E. A lei sobre o adultério (5.27-30)
F. A lei sobre o divórcio (5.31, 32)
G. A lei sobre os votos (5.33-37)
H. A lei da não resistência (5.38-42)
I. A lei do amor (5.43-48)
4. Aspectos práticos da vida no Reino (caps. 6.1 – 7.12)
A. Sobre as esmolas e ajudas (6.1-4)
B. Sobre a oração (6.515).

Bíblia King James Atualizada

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