Ou“vi
esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de Samaria,
que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizeis a
seus senhores: dai cá, e bebamos” (Am 4.1)
A
nação de Israel estava vivendo um período de prosperidade do ponto
de vista material. Temporariamente, as guerras haviam cessado. Neste
período o Crescente Fértil gozava de uma relativa paz. O Egito
mostrava-se um tanto fraco e a Assíria procrastinava o seu ataque e
preparava um projeto de conquista. Enquanto isto, o reino do Norte
achava-se em seu apogeu no que tange a expansão territorial. Um
surto de riqueza havia chegado e se instalado nas terras de Israel, o
que, consequentemente trouxe certo conforto aos seus cidadãos. Foi
um período conhecido como a “idade de ouro”. A sociedade
esbanjava luxo e ostentava pompa. Os homens naquela época
saturavam-se na busca do prazer pelo prazer. O hedonismo havia
conquistado aquele povo. Tornou-se um império. Procuravam satisfazer
todas as suas vontades sem temer as consequências. È neste cenário
decadente e sorumbático que aparecem as vacas de Basã.
Tudo
parecia normal até que um profeta oriundo de Tecoa surge para
perturbar a paz aparente de Israel. Seu semblante rústico chamava a
atenção. Não havia estudado em uma escola de profeta. Não era
formado. Era vocacionado. Não tinha graduação, mas estava forjado
com brio, revestido de convicção e permanecia compenetrado no
propósito de transmitir a mensagem de Deus para uma sociedade
apóstata. Sua mensagem colide com o senso comum. Eles possuíam
prosperidade, mas não tinham espiritualidade. Construíram templos
que jamais testemunharam à presença de Deus. A liturgia, embora
animada e dinâmica, era vazia e indigente. Os santuários estavam
cheios de pessoas vazias de Deus e desprovidas de santidade e glória.
Em Betel (Casa de Deus) o sistema de adoração ao bezerro de ouro já
durava 170 anos. A casa de Deus tornou-se habitação do bezerro de
ouro. A idolatria edificou suas tendas nas terras de Israel. O povo
precisava urgentemente ouvir a voz de Deus. Em breve, experimentariam
um colapso nacional. A paz, assim como a religião era aparente. Deus
levanta Amós. O ex-capataz de gado e condutor de boi agora é
profeta do Altíssimo. Embora fosse leigo e não possuía o status de
profeta, Amós estava disposto a exercer o ministério sem temer as
represálias. Profetizou com vivacidade. Desmascarou uma
pseudo-espiritualidade alimentada pelo frenesi de um culto que
funcionava como entretenimento. Profetizou para o Rei, para as nações
vizinhas, para o sumo sacerdote Amazias. Profetizou para os homens e
mulheres de Israel. Chamou as mulheres de vacas de Basã. Um apelido
exótico, que traz no seu corolário um tom de reprovação e uma
gama de reflexões.
Basã
no hebraico significa fértil. Esta era a região que ficava a
Galileia conhecida por suas ricas pastagens destituídas de pedras.
As alusões às riquezas e á fertilidade dessa região são
frequentes nas páginas do Antigo Testamento (Dt 32.14; Ez 39. 18; Is
2.13; Zc 11.2). As vacas que ficavam em Basã viviam muito bem, assim
como as mulheres do reino do Norte. O profeta denuncia a vida fútil
daquelas mulheres. O materialismo havia dominado-as. A nação de
Israel estava experimentando uma apostasia e elas permaneciam
indiferentes, porque estavam ocupadas demais satisfazendo os seus
apetites e caprichos. Eram mulheres sem personalidades. Foram levadas
pela correnteza, infeccionadas pelos pecados dos varões. A religião
estava decadente, o sacerdócio corrompido, a sociedade dividida, mas
elas não se atentavam para estas coisas. Voltavam a sua atenção
exclusivamente para a cor do vestido e o trançado dos cabelos que
usariam na próxima festa. Estavam ocupadas demais com os seus
próprios interesses. Abriam o sorriso quando na verdade deveriam
esconder a face no intuito de se quebrantarem diante de Deus. Pisavam
em qualquer pessoa no intuito de manter o padrão de vida faustosa.
Eram damas nem um pouco gentis. Mulheres fúteis. Jamais tinham
trabalhado um único dia, mas tinham tempo de sobra para gastar em
seus luxos e festas intermináveis. Eram destituídas de educação,
embora se esforçassem no intuito de seguir as regras de etiqueta.
Oprimiam os pobres. Ostentavam grandeza. Eram individualistas. A
nação estava prestes a experimentar um colapso, mas elas só
estavam interessadas em satisfazer os seus apetites. Mulher fútil
não é novidade. Já vem desde os tempos de Amós. O profeta declara
que Jeová atacaria aquelas mulheres como um pescador que apanha os
peixes com os anzóis. Seriam abruptamente arrancadas do seu habitat.
Elas seriam vistas como lixo. Seriam arrebatadas da zona de conforto.
Trocariam o luxo pelo lixo. Experimentariam o juízo de Deus.
As
mulheres Vacas de Basã existem até hoje. Não perderam suas
características. Permanecem materialistas. Estão preocupadas
exclusivamente com a aparência e nada mais. São fabricadas aos
montes, quase que por atacado. Algumas, apesar de viverem em um
ambiente cristão, continuam ocas. Assistem cultos e permanecem
vazias. Ouvem pregações e continuam ignorantes. A verdade lhes foi
obscurecida pelo excesso de materialismo. Preocupam-se demasiadamente
com o cabelo, mas não examinam o coração. Algumas parecem
manequins robóticos desprovidos de sentimento. Desejam bajulações.
Buscam elogios. Querem ouvir palavras que massageiam o ego. Vivem
para si e em torno de si. São essencialmente egoístas. O
materialismo destrói tanto a nação quanto o ser humano. John
Kelmon dizia: “Deus tenha piedade da nação cujas chaminés de
fábricas levantam-se mais alto do que as torres da Igreja”. Deus
tenha misericórdia das mulheres que cobrem o juízo para descobrir
as vestes. Caminham errantes. Cegas, porém com saltos altos.
Insensíveis no reino espiritual, detalhistas no que diz respeito às
coisas materiais. Deus tenha piedade das mulheres cuja beleza se
resume ao exterior. Deus tenha piedade das mulheres que fazem dos
corredores da Igreja passarelas de desfiles. Basã, não é apenas a
terra da fertilidade, especificamente nesta profecia, é o ambiente
da futilidade.
Esse
texto foi Escrito Pelo Irmão em Cristo Pastor Israel Trot