Charles
Spurgeon é celebrado como um dos pregadores e pastores mais
talentosos, dedicados, brilhantes e impactantes da história. Essa
honrosa distinção lhe é dada em grande parte devido aos seus
sermões bem articulados, penetrantes, cristocêntricos e
fundamentados na Palavra que foram ouvidos e são lidos por milhares
de pessoas em todo o mundo. Devido à popularidade que Spurgeon
alcançou em seu ministério, sua fidelidade como um jovem pastor é
frequentemente ignorada.
Em
1854, sendo um jovem de vinte anos de idade, Spurgeon se mudou para
pastorear uma igreja em Londres (New Park Street Chapel), que mais
tarde se tornou o Tabernáculo Metropolitano. Spurgeon estava em
Londres a pouco mais de doze meses quando uma severa epidemia de
cólera arrasou Londres. Spurgeon narra seu esforço para visitar e
cuidar do grande número de doentes em meio àquelas condições
horríveis:
“O
dia todo, e algumas vezes a noite toda, eu fui de casa em casa e vi
homens e mulheres morrendo, e quão felizes ficavam ao ver meu rosto!
Enquanto muitos temiam entrar em suas casas pelo risco de contrair a
doença mortal, nós, que não tememos tal coisa, ficamos felizes por
sermos ouvidos quando falávamos de Cristo e de assuntos divinos.”
Que
exemplo extraordinário de um jovem e inexperiente pastor que temia
mais a Deus do que uma doença contagiosa. Que modelo para cada um de
nós de cuidado sacrificial que Spurgeon ofereceu sob grande risco,
porque ele sabia do fruto espiritual que poderia brotar somente ao
lado do leito de um homem à beira da morte. Seu dom para pregar era
evidente a todos que o ouviam, o que demandava muito do seu tempo.
Contudo, Spurgeon colocava todas essas oportunidades de lado, como
ele explica:
“Durante
aquela epidemia de cólera, embora tivesse muitos compromissos no
interior, eu abri mão deles para que pudesse permanecer em Londres
para visitar os doentes e os que estavam morrendo.”
As
demandas na vida de Charles Spurgeon, mesmo aos vinte anos, eram
grandes, possivelmente maiores que as demandas que a maioria de nós,
que vivemos nas culturas mais atarefadas da história, enfrentamos.
Nós podemos ver certamente por meio do exemplo de Spurgeon o impacto
significativo que visitar os doentes tem. Contudo, o sacrifício que
Spurgeon fez de tornar essa tarefa divina uma prioridade é,
possivelmente, o ponto mais aplicável deste relato.
Pastores
não percam de vista os doentes, os que sofrem e os aflitos de sua
congregação por causa das áreas mais glamorosas do ministério
pastoral. Na verdade, eu acredito que é fidelidade de nossos
esforços nas trincheiras que Deus usa para tornar nosso ministério
público mais útil e poderoso. Especialmente se estivermos dispostos
a assumir os riscos.