Não
muito tempo atrás, houve uma descoberta perto de Tel Megiddo, no
Norte de Israel. Foi uma inscrição dedicatória em grego,
encontrada nos escombros de uma igreja do Século III. Nela se lia:
“Akeptous [nome de mulher], que ama a Deus, ofereceu a mesa
[possivelmente uma mesa de Santa Ceia] a Deus Jesus Cristo como
memorial”.As palavras “Deus Jesus Cristo” revelam como os
cristãos primitivos – formados de crentes judeus e gentios –
consideravam Jesus, mesmo antes do Concílio de Nicéia (325 d.C.),
que afirmou que Deus é uma Triunidade.
Aproximadamente 1.000 anos antes, o profeta judeu Isaías havia mencionado a mesma coisa (Is 48.16).Muitas das profecias de Isaías, de fato, enfocavam a pecaminosidade da humanidade e um Redentor divino que estava por vir, de forma que Isaías é mencionado como o primeiro evangelista da Bíblia; e o Livro de Isaías é freqüentemente chamado de “O Livro da Salvação”.O Dr. Victor Buksbazen, cujo comentário sobre Isaías é um trabalho definitivo sobre o assunto, escreveu:
O nascimento dEle como criança indica Sua humanidade. Que Ele nos tenha sido dado (lanu - “para nós”, em hebraico) como filho, enfatiza o fato de que Ele é um presente de Deus para o Seu povo. Seu caráter sobrenatural é mais tarde indicado pelo fato de que (...), de uma maneira peculiar, Deus confiou a Ele o governo sobre o Seu povo. (...) Os peculiares quatro nomes duplos dados à criança enfatizam Seu caráter divino.[3] O povo de Israel via Deus como seu Salvador.
Suas experiências no Êxodo e suas caminhadas pelo deserto o convenceu que somente Deus pode salvar.Buksbazen também disse que os comentadores judeus não contestaram a natureza messiânica da profecia “até os tempos modernos, em que a controvérsia cristológica tornou-se muito acalorada”.[4] Na verdade, o Targum Jonathan, uma tradução do aramaico e comentário da Bíblia hebraica, datado do primeiro século, parafraseou Isaías 9.6 da seguinte forma:“Pois, a nós um Filho nasce, a nós um Filho é dado: e Ele receberá a Lei sobre Si para guardá-la; e Seu nome é chamado desde a Antigüidade, Maravilhoso, Conselheiro, Eloha [Deus nas Alturas], O Poderoso, O Que Habita na Eternidade, O Messias, porque a paz será multiplicada sobre nós em Seus dias”.
Esta
visão rabínica concorda com o profeta Isaías, de que o Filho que
“nasceu” e “foi dado” é Deus.Qualquer pessoa que conhecesse
e entendesse a profecia de Isaías deve ter-se regozijado quando
soube o que o anjo disse aos pastores em Belém: “É que hoje
vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”
(Lc 2.11). O Messias divino havia chegado e redimiria Seu povo.
O
Único Caminho de Isaías
O
Cântico do Servo Sofredor em Isaías 52.13-53.12 é considerado como
o pináculo mais elevado das profecias de Isaías. Uma leitura
não-tendenciosa não pode levar a qualquer entendimento a não ser
aquele de um Messias que sofre, morre e ressuscita para trazer
redenção eterna a Seu povo: “Mas ele foi traspassado pelas
nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo
que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados” (Is 53.5).O Servo Sofredor é o Salvador Sofredor. John
Richard Sampey (1863-1946), um estudioso que mais tarde tornou-se
presidente do Seminário Teológico Batista do Sul, disse
relativamente a Isaías 53:A aplicação ao Novo Testamento desta
grandiosa profecia sobre Jesus não é uma acomodação de palavras
originalmente faladas sobre Israel como nação, mas o reconhecimento
do fato de que o profeta pintou antecipadamente um retrato do qual
Jesus Cristo é o original.[5]A mensagem do evangelho de Isaías não
é muito diferente do evangelho que pregamos hoje. Ela segue:Deus é
santo (Is 43.15)Todos pecaram contra Deus (Is 59.12)O pecado separa o
homem de Deus (Is 59.2)O Messias tratará da questão do pecado (Is
53.6)Devemos buscá-lO e clamar por Seu nome para recebermos
redenção.Os rabinos certa vez declararam: “Todos os profetas
profetizaram relativamente aos, ou até os, dias do Messias”
(Talmud Sanhedrin 99a). Quando Jesus esteve na sinagoga de Nazaré,
talvez uns poucos tenham percebido o cumprimento das profecias de
Isaías. Quão bem-vindas estas boas-novas devem ter sido àqueles
que creram!
Peter Colón
- Israel My
Glory - http://www.chamada.com.br)
Notas:
Victor
Buksbazen, The Prophet Isaiah [O Profeta Isaías] (1971:
Bellmawr, NJ: The Friends of Israel Gospel Ministry, Inc., 2008),
78.Ibid., 462.Ibid., 163.Ibid.Richard Sampey, citado em Gilbert
Guffin, The Gospel in Isaiah [O Evangelho em Isaías]
(Nashville, TN: Convention Press, 1968), 79.