01 maio 2017

Dom de linguas

Uma pessoa que começa a frequentar ou já frequenta algum templo Pentecostal e correntes religiosas como a Renovação Carismática Católica, geralmente sente a necessidade de “falar em línguas estranhas” ou “falar a língua dos anjos”, pois esta é uma doutrina dessas denominações. Mas, isso é realmente necessário para mostrar comunhão com Deus? Ao que parece, pelo menos nessas denominações religiosas a prática de “falar em línguas estranhas” é fundamental como uma prova de fé e de comunhão com o Espírito Santo de Deus. Mas, infelizmente existe um lado triste dessa questão: as pessoas que não conseguem falar as tais línguas, ficam aflitas pois presenciam seus irmãos de igreja realizando “tal feito” enquanto que com elas nada acontecePor que estas pessoas não conseguem falar as línguas estranhas ou dos anjos? A resposta é simples: porque elas são sinceras e não se deixarem levar por ataques de histeria coletiva.
Nota: Se você achou pesada a afirmação acima, saiba que não estamos aqui para passar a mão na cabeça de ninguém, pois precisamos mostrar a verdade das escrituras, doa a quem doer. Se você é defensor dessa doutrina de línguas, não se perturbe com esse artigo, leia até o final, pois Deus quer abrir seus olhos, bem como o seu entendimento. Se você quiser também, pode deixar sua contra-argumentação a favor dessa doutrina nos comentários. Nós responderemos!
Se voltarmos no tempo – a partir do Éden – veremos que no princípio da humanidade havia apenas um idioma (língua), na qual Adão e Eva se comunicavam, além disso, usavam esse idioma para se comunicarem com o Criador, bem como também, posteriormente, Eva falara com Satanás na forma de serpente e vice versa. A história da diversificação da linguagem humana contada pela Bíblia remonta aos tempos da Torre de Babel(Gênesis 11), a qual foi símbolo de confusão quando Deus separou os seres humanos por idiomas e os espalhou pelo mundo. Deus fez isto devido a vontade humana de gloriar-se a si mesmo em sua capacidade. Ou seja, antes havia apenas um idioma e todos se entendiam, mas a partir daquele momento, não seria mais assim. Agora, indo mais á frente – no Novo Testamento – temos algumas passagens bíblicas sobre os dons que o Espírito Santo derramou sobre aqueles que se convertiam e se tornavam discípulos de Cristo – também chamamos isto de “Batismo do Espírito”, e a passagem mais utilizada para tal é Atos 2:1-12. Um desses dons dados pelo Espírito Santo é o de “falar em línguas estranhas, ou “falar em muitas línguas. Porém, para Deus sempre existe um propósito em qualquer coisa que Ele concede ao ser humano e esse dom não é diferente. Nele há um propósito muito maior do que simplesmente sair falando aos ventos por ai (ver 1ª Coríntios 14:9). Infelizmente, o pentecostalismo e a renovação carismática acabaram por se render aglossolalia (um fenômeno que também é tratado pela psiquiatria), e continuam gloriando-se justamente naquilo que Deus fez para não se gloriarem: falar em línguas estranhas. A consequência disso é que aqueles que não conseguem “falar línguas estranhas” ou “língua dos anjos” são vistos como cristãos de categoria inferior, que não possuem o Espírito Santo em suas vidas. Há também uma interpretação errônea da passagem de Romanos 8:9 que nada tem a ver com a questão de falar em línguas. Aliás, Efésios 1:13 afirma que somos selados pelo Espírito a partir do momento em que cremos em Jesus e não no momento em que “falamos línguas estranhas.” Mesmo após Babel, com tantas línguas diferentes, o homem continuou se comunicando com Deus sem precisar de intérpretes, bem como Deus e os anjos continuaram falando aos homens em diversas ocasiões sem necessidade de tradução. Ou seja, as diferentes línguas são um problema para quem vive no mundo material, não no espiritual. São um problema de comunicação entre homens, não entre Deus e os homens ou anjos e homens. No dia de Pentecostes (Atos 2:1-12) Deus reverteu temporariamente o que havia feito em Babel, para mostrar que agora queria que Seu povo pudesse novamente se entender e alcançar graça. Os discípulos, cheios do Espírito Santo falaram em diferentes línguas, e judeus de várias nações os ouviram falar cada um em sua própria língua. Apesar de ter sido algo miraculoso, o texto deixa bem claro que não há ali qualquer menção de um idioma angelical ou estranho no sentido de um idioma espiritual, pois tratava-se de idiomas humanos e a própria passagem lista as regiões onde esses idiomas eram falados (ver Atos 2:8-11). A ideia de alguém falar a “língua dos anjos” foi tirada da 1ª carta de Paulo aos Coríntios 13:1. Porém, nesse texto, Paulo em momento algum afirma ser capaz de falar a “língua dos anjos“, na verdade ele usa a preposição, uma conjectura: “ainda que“, tentando explicar através de uma linguagem simbólica a representação de algo muito maior: o amor. Neste contexto, aqueles que criaram uma doutrina de “língua ou idioma angelical” baseando-se no que o apóstolo Paulo falou, ainda não entenderam o que ele quis dizer e não sabem usar esse importante princípio de amor. É como uma criança que ganha um brinquedo e prefere brincar com a caixa. Ainda na 1ª carta aos Coríntios, capítulo 14, Paulo continua a tratar do tema, na tentativa de mostrar qual era o verdadeiro princípio e propósito do dom de línguas, dando também algumas “regras” de conduta para um uso proveitoso desse dom. 1ª Coríntios 14:2: Neste versículo não há nada que indique língua dos anjos ou língua espiritual, mas um idioma desconhecido aos que escutavam. Para ficar ainda mais fácil de entender, veja um exemplo mais abrangente desse versículo: Porque o que fala em língua desconhecida (ex: japonês), não fala aos homens (que estão ouvindo), senão a Deus (porque Deus conhece todos idiomas), porque ninguém o entende (em japonês) e em espírito fala mistérios (porque está falando japonês com Deus em espírito).– Obviamente, se algum irmão estiver falando com Deus em japonês, eu não vou entendê-lo (pois não falo japonês), ou seja, aquele diálogo seria um mistério para mim, mas não para Deus ou para os anjos, pois o idioma é algo restrito ao mundo físico, como dissemos anteriormente. O reino espiritual não tem dificuldade alguma em entender qualquer idioma humano. O capítulo 14 é bem extenso, por isso é importante que o leitor veja por si só todo o contexto, pois vamos tratar apenas de alguns pontos importantes do capitulo. É interessante também que o apóstolo sempre trata o dom de línguas como sobrenatural, mas com uso exclusivo as coisas naturais, ou seja, ele está dando orientações sobre idiomas terrenos, e não celestiais:Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida. 1ª Coríntios 14:18-19 A regra direta que toda igreja deveria seguir: E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. 1ª Coríntios 14:27-28
Nota: Não existe proibição de falar línguas (1ª Coríntios 14:39), mas deve-se usar este dom para profetizar, para pregar as boas novas da salvação e não para gloriar-se a si mesmo perante os outros na igreja. Existem outras passagens bíblicas que dão a entender que existe um idioma sobrenatural, ou angelical, e são usadas pelos que defendem a doutrina do dom de línguas de forma equivocada. Porém, todos são fáceis de explicar.
Veja:
2ª Coríntios 12:4 – Mesmo que este versículo esteja falando de alguma língua angelical (o que não parece ser), também fica óbvio que o homem está proibido de falar palavras nessa tal língua, pois“ao homem não é lícito falar“.Romanos 8:26 – Este versículo não fala diretamente de uma língua, mas de intenções do Espírito em nós, portanto, esses gemidos não são nossos, mas do Espírito. O dom de falar em línguas não é prova de comunhão ou batismo pelo Espírito Santo, pois na Bíblia há vários relatos de pessoas que receberam o Espírito Santo e não falaram em línguas. E porque? Porque nestas situações não era necessário, veja alguns exemplos:Novo Testamento: Lucas 1:15 e 41, Lucas 1:35; Lucas 1:67; Lucas 3:22; Atos 6:1-7; Atos 6:5, Atos 8:17.Antigo Testamento: Êxodo 31:1-3; Juízes 6:34; Juízes 15:14; lª Samuel 10:10.Ademais, alguém já viu alguma passagem que mostra Jesus falando em línguas estranhas ou língua angelical?Não! Ele até poderia se quisesse, mas não houve necessidade, e nem mesmo Ele quis gloriar-se a si mesmo.
Referências: Língua se outros dons de sinais, Gordon H. Hayhoe
Imagem: Reprodução Google

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