No
princípio era a Palavra,... Que isso é dito não da palavra
escrita, mas da Palavra essencial de Deus, o Senhor Jesus Cristo, é
claro, de tudo que é dito, portanto, a João 1:14 de que essa
Palavra estava no princípio, estava com Deus, e era Deus; desde a
criação de todas as coisas sendo elas atribuídas a ele, e sua vida
sendo dita como sendo a vida e a luz dos homens; de sua vinda ao
mundo, e sua convenção nele; de conceder o privilégio de adoção
para os crentes;[1] e de sua encarnação. E também há uma
aplicação particular a tudo isso a Cristo, João 1:15. E da mesma
forma do que esse evangelista em outros lugares diz sobre ele, quando
ele o chama de a Palavra da vida, e o coloca entre o Pai e o Espírito
Santo; e fala do registro da Palavra de Deus, e o testemunho de
Jesus, como a mesma coisa; e o representa como um Guerreiro e
Conquistador, 1 João 1:1. Além disso, isso parece falar de Cristo,
do que outros escritores inspirados disseram dele, debaixo do mesmo
caráter; como o Evangelista Lucas, Lucas 1:2, o apóstolo Paulo,
Atos 20:32 e o apóstolo Pedro, 2 Pedro 3:5. E que é chamado a
Palavra, não como um homem; porque no princípio, ele não era um
homem, quando estava com Deus, mas se tornou assim no pleno limite do
tempo, nem é um Homem-Deus; além do mais, como tal,[2] ele é uma
criatura. E não o Criador, nem é ele a vida que ilumina todos os
homens; Além do mais, ele era a Palavra, antes dele ser homem, e,
portanto, não como tal: nem pode nenhuma parte da natureza humana
ser chamada dessa forma; nem a carne, porque a Palavra fora feita
carne; nem sua alma humana, sua auto subsistência, divindade,
eternidade, e a criação de todas as coisas, nunca podem ser
atribuída a isso; mas ele é a Palavra, como o Filho de Deus, como é
evidente do que é aqui atribuída a ele, e da Palavra sendo dita a
ser assim e assim, como em João 1:14 e desses lugares, aonde a
Palavra é explicada pelo Filho, compare com 1 João 5:5.
E
é assim chamada de sua natureza, sendo gerado do Pai; porque quanto
à Palavra, quer silenciosa ou expressa, é o nascimento da mente, a
imagem dela, e igual a ela, e distinta dela; assim Cristo é o único
filho gerado do Pai, a imagem expressa da sua pessoa,[3] e em todas
as coisas igual a ele, e uma pessoa distinta dele: e ele pode ser
assim chamado, de alguma ação, ou ações, ditas dele, ou
atribuídas a ele, como as coisas que ele falou, e em favor dos
eleitos de Deus, no conselho eterno e pacto da graça e paz. E fala
de todas as coisas do nada, na criação;[4] porque com respeito a
essas palavras tão frequentemente mencionadas na história da
criação, e Deus disse; pode assim Jeová, o Filho, ser chamado a
Palavra; também ele falou do prometido Messias, e através de toda a
dispensação do Antigo Testamento; e é a interpretação da mente
de seu Pai, quando ele estava no jardim do Éden, bem como nos dias
da sua carne; e agora fala nos céus pelos santos. A frase, מימרא
דיי,
“a Palavra do Senhor”, tão frequentemente usada pelos
Targumistas, é bem conhecida: e deve ser observado que as mesmas
coisas que João aqui diz da Palavra, eles dizem da mesma forma, como
será observado em muitas cláusulas; de onde é mais provável que
João tenha tirado essa frase, visto que a paráfrase de Onkelos e
Jonathan ben Uzziel fora escrita antes desse tempo, do que ele
poderia ter tomado emprestado dos escritos de Platão, ou de seus
seguidores, como alguns têm pensado; com cuja filosofia, Ebion e
Cerinto são ditos como sendo próximos; por conseguinte, João, mais
habilitado para superá-los, usa essas frase, quando o filho de Deus
teria sido desagradável com eles: que há algumas similaridades
entre o Evangelista João e Platão em seus sentimentos concernente a
palavra, não pode ser negado. Amélio,[5] um filosofo platônico,
que viveu depois dos tempos de João, se refere manifestadamente a
essas suas palavras, em concordância com a doutrina de seu mestre:
suas palavras são estas:
“E
esse era verdadeiramente o “Logos”, ou a Palavra, por quem sempre
existiu, as coisas que são feitas, foram feitas, como também
Heráclito pensou; e quem, assim como aquela Bárbaro (se referindo
ao Evangelista João) relata a ordem e a origem do princípio,
constituído com Deus, e era Deus, e por meio de quem todas as coisas
são inteiramente feitas; em quem, tudo quanto é feito, vive, e tem
vida, e existe;[6] e que entrou nos corpos, e foi revestido de carne,
e parecia um homem; então, apesar disso, que ele exibiu a majestade
de sua natureza; e depois de sua dissolução, ele foi de novo
deificado, e era Deus, assim como ele era antes dele descer em corpo,
carne e homem.”
Em
quais palavras é fácil observar traços plenos do que o Evangelista
diz nos primeiros quarto versículos, o versículo 14 desse capítulo;
no entanto, é muito mais provável que Platão tinha essa noção do
Logos, ou Palavra, dos escritos do Antigo Testamento, do que João
ter tomado essa frase, ou o que ele diz concernente a Palavra, dele;
visto ser um assunto incontestável que Platão foi ao Egito adquirir
conhecimento: não apenas Clemente de Alexandria, um escritor
cristão, diz que ele era um filosofo dos hebreus[7] e entendia as
profecias,[8] e fomentou o fogo da filosofia hebraica;[9] mas é
afirmado pelos escritores gentílicos que ele foi até o Egisto
aprender dos sacerdotes,[10] e entender os rituais dos profetas;[11]
e Aristóbulo, um judeu, afirma[12] que ele estudou a lei deles; e
Numênio, um filosofo Pitagoreano,[13] o acusa de roubar o que ele
escreveu, com respeito a Deus e ao mundo, do livro de Moisés; e
costumava dizer a ele: O que é Platão, a não ser um Moisés
“Ateniense”? ou Moisés de língua grega: e Eusébio,[14] um
escritor cristão antigo, coloca nos mesmos lugares, de onde Platão
tirou sua alusão:
Portanto,
é mais provável que o evangelista recebeu essa frase da palavra,
como uma pessoa divina, dos Targuns, aonde há uma frequente menção
dela; ou, no entanto, há um grande acordo entre o que esses antigos
escritos judaicos diziam da Palavra, como será mais adiante
mostrado. Além do mais, a frase é frequentemente usada de uma
maneira similar nos escritos de Filo, o judeu; daí então é
manifestado, que o nome era bem conhecido aos judeus, e pode ser a
razão pelo qual o evangelista o usou. Essa Palavra, ele diz, estava
no princípio; pela qual entendemos, não o Pai de Cristo; porque ele
nunca é chamado de o princípio, mas apenas do Filho; e era ele, ele
deve ser tal princípio como é sem um; nem pode se dizer dele como
sendo tal, com respeito ao Filho ou Espírito, que é tão eterno
quanto ele mesmo; apenas com respeito as criaturas, de quem ele é o
autor e a causa eficaz: Cristo está, de fato, no Pai, e o Pai nele,
mas isso não pode ser o significado aqui; nem é o inicio do
evangelho de Cristo, pela pregação de João, o batizador,
intencionado aqui: O ministério de João era evangélico, e o
Evangelho fora mais claramente pregado por ele, e depois dele, por
Cristo e seus apóstolos, do que antes; mas não começou então;
fora pregado antes pelos anjos aos pastores, no nascimento de
Cristo;[15] e, antes disso, pelos profetas debaixo da primeira
Dispensação, como por Isaías, e outros; fora pregado antes a
Abraão, e aos nossos primeiros pais, no jardim do Éden:[16] nem
começou com Cristo, quando João começou a pregar; porque a
pregação e o batismo de João eram para a manifestação dele:[17]
sim, Cristo existiu como homem, antes de João começar a pregar; e
embora ele tenha nascido depois dele como homem, ainda assim como a
Palavra e Filho de Deus, ele existiu antes de João nascer;[18] ele
já existia nos tempos dos profetas, que era antes de João; e nos
tempos de Moisés, e antes de Abraão, e nos dias de Noé: mas, pelo
princípio, que é aqui entendido, o princípio do mundo, ou a
criação de todas as coisas; e que é a expressão da eternidade de
Cristo, ele estava no princípio, como o Criador de todas as
criaturas, e, portanto, deve ser antes deles todos: e deve ser
observado, que é dito dele, que no princípio ele era; não feito,
como os céus e a terra, e como as coisas neles são; nem estava ele
simplesmente no propósito e predestinação de Deus, mas realmente
existiu como pessoa divina, como ele fez por toda a eternidade; como
parece de seu ser firmado em seu ofício desde a eternidade; de todos
os eleitos escolhidos nele, e dados a ele antes da fundação do
mundo; do pacto da graça, que é de eternidade, sendo feitos com
ele; e das benção e promessas da graça, sendo desde outrora, e
colocado em suas mãos; e de sua natureza como Deus, e sua relação
com o seu Pai: assim, Filo, o judeu, frequentemente chama o Logos, ou
Palavra, a Palavra eterna, a mais antiga Palavra, e a mais antiga do
que qualquer coisa feita.[19] A eternidade do Messias é reconhecida
pelos judeus antigos: Miquéias 5:2 é uma prova plena disso; que por
eles[20] é assim parafraseado: “de ti, antes de mim, virá o
Messias, para que ele possa exercer domínio sobre Israel, cujo nome
é de eternidade, dos dias antigos.”
Jarchi,
sobre isso, apenas menciona Salmos 72:17, que é traduzido pelo
Targum no lugar, antes do sol, o seu nome foi preparado; que pode ser
traduzido, “antes do sol seu nome era Yinnon”; ou seja, o Filho,
a saber o Filho de Deus; e Aben Ezra a interpreta, יקרא
בן,
“ele será chamado o filho”; e isso se harmoniza com o que o
Talmude diz,[21] que o nome do Messias existia antes do mundo ser
criado; na prova de que eles produziram a mesma passagem,
E
a Palavra estava com Deus;... Não com os homens ou anjos; porque ele
existia antes desses; mas com Deus, não essencialmente, mas
pessoalmente considerado; com Deus seu Pai: não em um sentido
Sociano, que ele era apenas conhecido dele, e a nenhum outro antes do
ministério de João Batista; porque ele foi conhecido e mencionado
anteriormente pelo anjo Gabriel; e era conhecido a Maria e José; e a
Zacarias e Elisabete; aos pastores, e aos homens sábios; a Simão e
a Ana, que o viu no templo; e aos profetas e os patriarcas, em todas
as eras, desde o princípio do mundo; mas essa frase denota
existência do mundo com o Pai, sua relação e aproximação come
ele, sua igualdade com ele, e particularmente sua distinção de
pessoa com ele, bem como seu ser eternal com ele; porque ele sempre
esteve com ele, e está, e sempre estará; ele estava com ele no
conselho e pacto da graça, e na criação do universo, e está com
ele no governo providencial do mundo; ele estava com ele como a
Palavra e Filho de Deus, nos céus, enquanto ele estava como homem,
ele estava aqui na terra; e ele está agora com ele, e sempre estará:
e como João fala aqui da Palavra, como uma pessoa distinta de Deus,
o Pai, assim fazem os Targuns, ou o paráfrase Caldeu; Salmos 110:1
“O Senhor disse a meu Senhor”, é vertido, “O Senhor disse a
sua Palavra”; aonde ele é manifestadamente distinguido de Jeová,
que fala com ele; e em Oséias 1:7, o Senhor promete “ter
misericórdia com a casa de Judá”, e “Salvá-los pelo Senhor seu
Deus”. O Targum diz: “Eu os redimirei pela Palavra do Senhor seu
Deus”; aonde a Palavra do Senhor, que é mencionada como
Libertadora e Salvadora, é distinguida do Senhor, que prometeu os
salvar por ele. Essa distinção de Jeová e sua Palavra pode ser
observada em muitos lugares, na paráfrase Caldeia, e nos escritos de
Filo, o Judeu; e essa frase, “da Palavra” estando “com Deus”,
é no Targum expressa por, מימר
מן קדם,
“a Palavra de diante do Senhor”, ou “que está diante do
Senhor”: estando sempre em sua presença, e o anjo dela; assim
Onkelos parafraseia Genesis 31:22: “e a Palavra diante do Senhor,
veio a Labão, etc. E Êxodo assim: “e não permitas que a Palavra
de diante do Senhor fale conosco, pois morreremos”; porque assim é
lido na Bíblia do Rei da Espanha; e a Sabedoria, que é o mesmo que
a Palavra de Deus, é dito ser por ele, ou com ele, em Provérbios
8:1, em harmonia com o que João fala aqui. João faz uso aqui da
palavra “Deus”, no lugar de “Pai”, porque a palavra é
normalmente chamada de a Palavra de Deus, e por causa do que se
segue...
E
a Palavra era Deus;... Não feito um Deus, como ele é dito aqui
depois de ser feito carne; nem constituído ou designado um Deus, ou
um Deus por ofício; mas verdadeira e apropriadamente Deus, no mais
alto sentido da palavra, como parece dos nomes pelos quais ele é
chamado; Onipotente; como Jeová, Deus, nosso, vosso, deles, e meu
Deus, Deus conosco, o Deus poderoso, Deus sobre tudo, o Grande Deus,
o Deus vivente, o verdadeiro Deus, e a vida eterna; e de suas
perfeições, e a total plenitude da Trindade que habita nele, como
Independente, Eterna, Imutável, Onipresente, Onisciente e
Onipotente; e de suas obras de criação e providência, seus
milagres, a obra de redenção, o perdão de pecados, a ressurreição
de si mesmo e outros da morte, e a administração do último
julgamento; e da adoração dada a ele, como orações a ele, fé
nele, e a realização do batismo em seu nome: nem há qualquer
objeção a deidade própria de Cristo, que o artigo não esteja
presente; visto que quando a palavra é aplicada ao Pai, não é
sempre usada, e mesmo neste capítulo, João 1:6, e que mostra, que a
palavra “Deus”, não é o sujeito, mas o predicado dessa
preposição, como nós traduzimos: então os Judeus sempre usavam a
Palavra do Senhor para Jeová, e o chamavam de Deus. Assim as
palavras em Gênesis 28:20 são parafraseadas por Onkelos:
“Se
“a Palavra do Senhor” será minha ajuda, e me ajudará, etc,
então “a Palavra do Senhor será”, לי
לאלהא,
“meu Deus”: de novo, Lev. 26:12 é parafraseado, pelo Targum
atribuído a Jonatã Ben Uzziel, assim: “Eu causarei a glória da
minha shekiná habitar entre vós, e minha Palavra será “vosso
Deus”” mais uma vez, Deut. 26:17 é traduzido pelo Targum de
Jerusalém dessa maneira: "Vós tendes feito “a Palavra do
Senhor” rei sobre vós neste dia, para que ele possa ser vosso
Deus: e isso é bem frequente com Filo, o Judeu, que diz que o nome
de Deus é sua Palavra, e o chama, meu Senhor, a Palavra Divina; e
afirma que a palavra mais antiga é Deus: